
A decisão, porém, fez com que em "Relíquias da Morte, Parte 1", não acontecesse muita coisa. É um filme triste e sombrio, em que Harry, Ron e Hermione passam o tempo quase todo sozinhos, fugindo e se escondendo em lugares ermos, e estudando a melhor maneira de se preparar para o confronto final com Lorde Voldemort.
Cena de "Relíquias da Morte, Parte 2"
"Parte 2" dá a partida para a reta final já com uma imagem de Voldemort de posse da "varinha das varinhas", o acessório mais poderoso do mundo dos mágicos, deixando claro que a ação não vai demorar para começar. O que vai acontecer todo mundo sabe: o lorde das trevas e Harry Potter vão se encontrar para um último duelo, do qual apenas um sairá vivo, como está estabelecido. "Um tem que morrer para o outro viver".
Partindo do pressuposto de que a maioria das pessoas que vai ver o filme já leu o livro, e já sabe até como a história vai acabar, fica difícil contar qualquer detalhe sem estragar a experiência de assisti-lo. Mas "Relíquias 2" vem com tudo a que um grande final cinematográfico tem direito: emoção, romance, guerra, traição, amor, morte. E, como estamos em um mundo mágico, muita coisa fora do comum pode acontecer.
Com uma lágrima colhida de um Severus Snape combalido, Harry entra em sua memória, resgata cenas do passado e descobre algumas verdades que mudam o sentido das coisas. Com uma pedra da ressurreição, ele encontra seus pais, James e Lílian, e seu padrinho, Sirius Black. Para fugir de uma masmorra, o trio de amigos pega carona com um dragão albino cujos dentes são do tamanho de uma cabeça humana. Um fantasma ajuda Harry a encontrar uma peça essencial para destruir Voldemort.
O filme é um épico e tem o valor de conseguir se comparar ao livro de que foi adaptado, o que não é pouca coisa. Para começar, o original em inglês tem 759 páginas. Depois, como muito do que acontece no livro não tem equivalente no mundo real – é tudo meio fantástico – , é um desafio enorme filmá-lo.
A adaptação para o cinema do primeiro livro, "Harry Potter e a Pedra Filosofal", de 2001, foi dirigida por Chris Columbus, de "Esqueceram de Mim". Apesar do sucesso estrondoso do filme, a escolha foi um equívoco. O filme teve um tom infantil que os livros não têm, e afugentou dos cinemas – em certos casos, definitivamente – os adultos quem não tinham lido o livro.
Mas Columbus teve um trunfo, além da bilheteria mundial de R$ 1,5 bilhão: a escolha do elenco. Quem seguiu a série viu o trio principal, Daniel Radcliffe, Rupert Grint e Emma Watson, nos papéis de Harry, Ron e Hermione, crescerem muito – de tamanho e como atores. No primeiro filme eles teriam os 11 anos dos personagens e agora, no último, sete anos depois (no tempo dos livros), eles teriam 18. Na vida real, estão na casa dos vinte e poucos.

O EFEITO HARRY POTTER
O trio principal de atores é composto hoje pelos mais jovens milionários britânicos. Segundo a lista The Richest da revista britânica "The Sunday Times", Daniel Radcliffe é o adolescente mais rico da Inglaterra, com patrimônio de R$ 110 milhões. Emma Watson vem logo atrás, com R$ 66 milhões; Rupert Grint tem R$ 60 milhões. A autora J. K. Rowling ficou mais rica do que a rainha Elizabeth 2ª. Seu patrimônio, calculado em mais de US$ 1 bilhão, faz dela a única escritora inglesa bilionária, segundo a revista "Forbes".
O "pacote Harry Potter" é composto de sete livros e oito filmes. Mais de 400 milhões de livros, traduzidos para 69 idiomas, foram vendidos ao redor do mundo.

Os filmes mudaram de diretor, e de tom, até que se aproximaram muito do tom dos livros. Os dois primeiros tiveram direção de Chris Columbus. O terceiro foi dirigido pelo mexicano Alfonso Cuarón, que deu a virada sombria para a série cinematográfica. Mike Newel dirigiu o quarto filme, em 2005.
Os quatro últimos tiveram a assinatura do diretor David Yates. As duas partes deste último capítulo são fiéis ao clima sinistro que os livros foram adquirindo à medida que Harry crescia e aumentavam a intensidade e o risco dos desafios que enfrentava.

Tão gostoso assim que é impossível supor que a imaginação fértil de J. K. Rowling não vá inventar um novo capítulo para a saga de Harry Potter.
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